17/10/2014

A razão contrária à razão

Porque os outros possuem tanto efeito emocional, para bem ou para mal, em nós?

O Homem é um ser inteligente e emocional, feito para viver com os semelhantes, isto é, necessita de interagir em sociedade. Mas esta interacção tem um preço por vezes muito elevado para a sua estrutura emocional, levando-o ou ao sucesso momentâneo, ou ao infortúnio da depressão emocional.
Muitas pessoas acham-se e dizem-se imunes aos ataques emocionais dos que se encontram ao seu redor. Na verdade, é mentira. Nenhum ser humano possui um coração de pedra, se bem que pode criar um complexo mecanismo de defesas e ataque que lhe permite parecer-nos emocionalmente invencível. Mas isso acontece por momentos. A inteligência do Homem divide-se em 2 facções opostas: Racional e Emocional. E estas, nem sempre conseguem subsistir harmoniosamente uma com a outra. Porquê?
Porque ambas centram-se e baseiam a sua filosofia existencial em parâmetros e factores completamente distintos; uma interpreta pela lógica e razão, a outra pela emoção e por vezes pela fé. 
Quando os outros nos atingem emocionalmente, não é sinónimo que sejamos fracos, mas que estamos sensíveis aos factores menos racionais da nossa existência, em pleno domínio das emoções. Muitos respondem com agressividade de qualquer ordem, outros remetem-se ao silêncio e sofrem as consequências da abstracção de si mesmos perante tais ataques. As depressões nascem muitas vezes daqui...
Num mundo ideal, nunca haveriam divergências emocionais, tanto interiores como exteriores, pois cada um actuaria numa lógica de não agressão, colocando o outro num plano nivelado ao seu.  Mas o mundo não é ideal, nem tão breve o será. 
Nós não nos deixamos atacar porque somos mais fracos, somente porque a nossa ignorância nos colocou naquele momento num plano inferior ao outro, seja porque estamos em posição defensiva ou ofensiva. 
Cabe a cada um interrogar-se. Mesmo tendo razão, necessito "atacá-lo"? Ou poderei mostrar a minha "superioridade" controlando as minhas emoções e chamando-o à razão sem o magoar ou ferir?
Não é fácil...
Ter sempre razão, é para muito combustível da sua existência fútil e inócua. Mas é sobretudo possuir um elevado nível de ignorância. 

"A razão escraviza todas as mentes que não são suficientemente fortes para a dominarem."

George Shaw

Quadratura da mente

A ignorância, mantém-se a si mesma...

Uma mente fechada, não é sinónimo de uma inteligência menor ou incapacidade intelectual para absorver conhecimento, mas somente a demonstração prática de uma elevada incapacidade de se questionar a si próprio. 
A inteligência do Homem só é possível desenvolver-se quando ele mesmo se questiona a si próprio e ao mundo que o rodeia. A busca por soluções aos problemas e dificuldades, não é mais do que a necessidade que a mente humana tem de se expandir e abrir os seus horizontes de análise, crítica e analítica. 
Recear aceitar novas ideias e formas de pensamento, é cobardia intelectual. Adquirir novos conhecimentos sobre algo estranho a nós até àquele momento, não se coaduna com a sua aceitação imediata, mas sim o questionar de algo não conhecido por si mesmo. Uma mente que se abra a uma nova ideia, nunca mais voltará ao seu "tamanho" original, assim dizia Albert Einstein. 
Na verdade, o mundo respira ignorância, não porque o conhecimento não exista ou porque o Homem não seja capaz de o conseguir atingir, entender e compreender. Mas porque as ideias remanescentes da zona de conforto da sua mente, são bem mais cómodas e fáceis de dominar e não serem esmagadas por novos paradigmas de conhecimento que obrigariam a sair da zona de conforto interior.
Pensar e perspectivar a vida de outros ângulos, é um trabalho digno e de elevado mérito pessoal cujos resultados não podem ser senão mais do que a evolução humana.
Outros ângulos e perspectivas, desde que lógicos, racionais e bem intencionados, são fonte de aquisição de novos conhecimentos e horizontes para toda a mente que sobrevive no marasmo da ignorância.

Qual o caminho do conhecimento?

Pensar, abrir a mente e deixar que as ideias fluam. Será sempre mais um passo evolutivo... 

09/10/2014

A inteligência de um Homem

Em algum momento na vida do Homem, muitas questões se levantam quanto àquilo que ele realmente é e para onde caminha na sua vida, seja do ponto de vista pessoal ou profissional.
Não raros são os momentos em que a dúvida se instala, os receios do desconhecido se instalam, o peso dos anos e daquilo que se gostaria de ter feito e não se fez, do que se fez e não se deveria de ter feito, etc...
Momentos de introspecção instalam-se e, muitas vezes, se dá início a uma longa viagem de busca de identidade própria, de faróis de orientação, de pisos sólidos, de elementos justificativos de uma vida que se tem levado e se deseja alterar. 
Uns buscam caminhos no mais fácil, rápido e directo, que são as substâncias materiais, isto é, no TER. Outros perscrutam o íntimo na busca do intangível, menos substancial e mais de cariz espiritual, isto é, no SER.
Na verdade, muitos outros vagueiam por diferentes caminhos e momentos, vagueando na vida sem um rumo, sem propósitos, sem "faróis orientadores". Esperando que algum dia as respostas às suas perguntas venham a ter o seu momento de verdade e finalmente possam iniciar-se numa vida de maior felicidade interior e exterior.
Segue Jesus Cristo, poderão muitos alvitrar. Talvez Ele seja o caminho, sim. Mas talvez não seja necessário tanto assim. o Homem não precisa de religião para ser feliz. o Homem precisa de valores e princípios; sociais e morais, sobretudo. 
Jesus Cristo, na verdade foi um marco na história da humanidade, fez mais em poucos anos pelo bem do Homem, do que muitos séculos e milénios de conhecimento e descobertas humanas fizeram. Porquê?
Porque Jesus Cristo somente quis por o Homem a pensar sobre si mesmo e sobre o mundo que o rodeia, dando-lhe indicações simples, inteligentes e úteis. Dessa forma, cada um poderia construir o seu próprio caminho dentro da sua esfera social e da humanidade. Sempre em prol do seu próprio bem e dos outros que o rodeariam.

Cito Augusto Cury:

"A arte de pensar é a manifestação mais sublime da inteligência. Todos pensamos, mas nem todos desenvolvemos qualitativamente a arte de pensar. Por isso, frequentemente não expandimos as funções mais importantes da inteligência, tais como aprender a se interiorizar, a destilar sabedoria diante das dores, a trabalhar as perdas e frustrações com dignidade, a agregar ideias, a pensar com liberdade e consciência crítica, a romper as ditaduras intelectuais, a gerir com maturidade os pensamentos e emoções nos focos de tensão, a expandir a arte da contemplação do belo, a se doar sem a contrapartida do retorno, a se colocar no lugar do outro e considerar suas dores e necessidades psicossociais."

Jesus Cristo nunca quis que o mundo gravitasse em torno das suas necessidades particulares, nunca procurou estatuto político ou social, viveu e teve uma vida árida, sem luxos e mordomias. Mas soube inteligentemente falar ao Homem, deixá-lo a pensar e por a sua inteligência a trabalhar para si e para o seu próprio bem. 
Falar de Jesus Cristo não se trata de Fé, mas sim da pura ciência da psicologia humana. Ele viveu muito acima do Homem e mostrou ao Homem o caminho da sua felicidade sem recurso a nada mais do que à sua própria transformação interior. Nada mais...

Procurar-se a si mesmo, é tarefa árdua e difícil para todo aquele que vive encarcerado na rigidez intelectual da sua vivência solitária e alheada dos valores morais e espirituais da vida.