03/07/2014

O desalento do não possuir

"Não possuir algumas das coisas que desejamos, é parte indispensável da felicidade"

Bertrand Russell

Vivemos afogados na tristeza criada pelo nosso próprio pensamento, pelo nosso desejo interior na busca daquilo que não possuímos. Afoga-mo-nos numa abstracta infelicidade que muitas vezes nem compreendemos o seu sentido e razão de ser. Porquê? Porque dispensamos muito tempo a desejar o que não possuímos e não valorizamos o que já temos. Se bem que o que temos, é parte irrelevante da nossa existência. Pois nós, seres humanos, resumi-mo-nos no final, ao que realmente somos e não ao que acumulámos materialmente. O ideal é inatingível para a humanidade no momento presente. A maioria vive obcecada por ideais materialistas, afunda-se nas tristezas da estrutura moral que possui, pois acha-a insuficiente para atingir a felicidade interior. 
É difícil ignorar o meio envolvente, é difícil não enveredar por termos de comparação e juízos de valor relativamente aos outros. É difícil demarcar-se de uma sociedade demasiado egoísta e egocêntrica. 
O Homem habituou-se a "pedir", seja do ponto de vista material, seja espiritual. A aquisição do que se deseja é sempre mais fácil através do caminho do pedido expresso, nunca pela conquista sã advinda do esforço e do trabalho. E quando o Homem não obtém o que deseja, ou se remete para níveis de infelicidade absurdos e incompreensíveis, ou somente deseja a destruição daquilo que não consegue possuir. A inveja é um flagelo moral.
A realidade é que a vida do Homem, é uma viagem onde não vai à procura de novas paisagens, mas sim de novos "olhos" (alusão a frase de Proust). 
Ao Homem, compete-lhe adquirir conhecimentos e moralidade suficiente para "ver" a vida com outros olhos e não buscar incessantemente uma felicidade que tanto lhe foge e nunca atingirá... 

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