"A cada um segundo as suas obras", já dizia Mateus no seu evangelho. Esta frase, atribuída a Jesus, possui em si mesma um elevado significado que cada um deve de transpor para as suas vidas e para o seu dia-a-dia, pois se reflectirmos um pouco, mesmo descrente, acabamos por verificar ser uma verdade absoluta.
Uma leitura importante a reter, é que por muito que se julgue o contrário, um indivíduo não paga pelo erro do outro, a responsabilidade das acções fica sempre para quem as praticou.
Bem verdade, que muitas vezes temos o sentimento que isso poderá não ser verdade, por inúmeros motivos, mas também é verdade que a nossa visão é demasiado pequena e fechada para percebermos todo o enquadramento da nossa existência neste plano físico. Isto significa que não devemos só de olhar para o momento (fazê-mo-lo sempre nos piores momentos da vida) e fazer juízos de valor sobre ele, culpando os outros pelo sucedido. Se somos prejudicados hoje, talvez tenhamos sido a origem desse prejuízo no passado. Sabemos que a força do Homem não se mede só pela sua força física, mas também pela sua força mental e espiritual, ora como tal, se o Homem possui em si um poder de acção mais abrangente que as suas capacidades físicas, quem poderá ignorar que os momentos que passamos, sejam eles maus ou bons, não são mais do que o resultado do que fomos semeando no passado?
É mais fácil culpar o outro. É mais fácil deixar as responsabilidades no outro. Mas as facilidades têm um preço, pois se não fazer mal já é bom para o indivíduo, não fazer o bem também não o beneficia em nada. A imobilidade tem também um preço: a não evolução.
Esta frase de Jesus: "A cada um segundo as suas obras", foi a sua resposta aos seus discípulos quando estes passavam por um cego e lhe perguntaram: "Quem pecou para este homem para nascer cego, ele ou os seus pais?"
Como um cego de nascença poderia ter pecado? Se a cegueira fosse "castigo de Deus" pelos pecados daquele homem, onde estaria seu pecado, pois era cego desde quando veio ao mundo?
A reposta é simples, a nossa existência não é só deste momento, mas de demais anteriores e como tal, somos hoje o fruto do somatório do passado. Deus não castiga ninguém. Deus ama-nos. Os nossos castigos são infligidos por nós próprios fruto do que "somos" e do que "fazemos".
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