Certo dia, numa carpintaria muito conhecida, com boa
reputação, onde se realizam grandes e belos trabalhos, houve uma assembleia de
ferramentas. Esta assembleia aconteceu, porque havia pequenas quezílias entre
ferramentas e por isso entendeu-se necessário esclarecer-se algumas coisas e
sobretudo mitigar as diferenças e divergências que foram sendo criadas.
No sururu inicial, o martelo fez-se ouvir e assumiu-se
como o presidente daquela assembleia. Postura altiva, um grande ego, o martelo
assumiu uma posição de força e arrogância.
Eis que logo as restantes ferramentas exigiram que se
calasse e retirasse, pois não estava a contribuir nada positivamente para a
resolução dos problemas e fazia muito barulho. Incomodava toda a gente. Ele que
tivesse paciência, mas o lugar dele não era aquele e por isso que ficasse
sossegado.
Bom, assim sendo o martelo encheu-se de humildade e
retirou-se. Mas ainda antes, fez uma exigência. Pediu que também fosse retirado
daquela assembleia o parafuso. Pois segundo ele, o parafuso precisava sempre de
dar muitas voltas antes de servir para alguma coisa. Por isso o martelo
considerava-o pouco útil.
O parafuso, lá quietinho no seu canto, toma a palavra
e diz: Muito bem, eu retiro-me. Mas não
me retiro sem que a lixa também se retire.
Isto porque segundo o parafuso, a lixa era muito
áspera. Tratava sempre os outros com muita aspereza e vivia em perante conflito
e atritos com os outros à sua volta.
E nem o parafuso tinha acabado de falar, já a lixa
tomara a palavra revoltada e disse que o metro também deveria de sair dali. Isto porque o metro passava a vida a medir os outros e
pior do que isso, era sempre segundo as suas medidas. O metro achava-se
perfeito.
Mas quem lhe dava esse direito, sobretudo de medir
tanto os outros? Perguntou a lixa.
A determinado momento, o carpinteiro entra na oficina,
vestiu o avental, pegou nuns pedaços de madeira, começou a trabalhar, usando as
ferramentas necessárias e transformou aqueles pedaços de madeira num bonito
móvel.
O carpinteiro, sentou-se a contemplar a sua obra.
Pensou para si: ficou bonito!
Então despiu o avental, limpou-se um pouco da poeira
da madeira nas suas roupas e num último olhar satisfeito, sorriu e foi embora.
Logo que saiu, as ferramentas voltaram ao burburinho
da discussão sobre os defeitos e diferenças uns dos outros.
Mas no meio da discussão, o serrote tomou a palavra,
calmamente, disse:
Meus amigos,
peço a vossa atenção para um pormenor importante nesta nossa assembleia. O que
se passou há pouco tempo, teve uma importância tão grande que vocês todos ainda
não perceberam como deve de ser.
Ali, está um
móvel bem acabado, simples e bonito. Como viram, o carpinteiro usou de muitas
ferramentas para o construir. Bem sabemos que todos temos defeitos, alguns já o
manifestaram até publicamente. Mas também temos virtudes. E o resultado das
nossas virtudes está lai, representado naquele móvel.
Então, todos
acabaram por compreender, entender e aceitar que o martelo era forte, que o
parafuso era necessário para unir partes e dar-lhes resistência, que a lixa era
importante para limar as asperezas e que o metro era fundamental para obter
medidas correctas.
Fez-se silêncio na assembleia.
Aquela reflexão do serrote, fez com que as ferramentas
se sentissem melhor, mais confiantes, úteis e com mais vontade de trabalharem
juntas, pois só assim conseguiriam ajudar a realizar boas obras, que sozinhas
seria completamente impossível.
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