28/06/2012

Solto uma lágrima....

"No rosto cansado, um olhar vazio emerge, vasculhando o horizonte procurando algo desconhecido ou desejado. Uma lágrima solta-se...cai no abismo de uma tristeza marcada"

Porque não possuem as lágrimas uma cor? 
Uma lágrima é da cor de um brilhante ou diamante, pois é preciosa. Demasiadamente preciosa. Deus deu-lhe a cor  de um diamante porque é através das lágrimas que muito nos aproximamos d'Ele, porque as lágrimas têm origem no mais profundo do ser humano, seja ele rico ou pobre. Aos olhos de Deus somos todos iguais e uma lágrima solta significa a aceitação da nossa condição de seres humanos fracos e impotentes para conseguir dominar o nosso próprio mundo. As lágrimas são soltas porque a Alma sofre ou sofreu, porque o espírito resignou-se perante a sua verdadeira natureza e essência, momentaneamente desprovida de orgulho, ego ou vaidade. O sofrimento por uma causa, é a dor do espírito perante a sua incapacidade de lidar com as dificuldades que a vida lhe apresentou. As lágrimas escondem-se muitas vezes dos olhares, pois são a demonstração de uma fraqueza. No entanto que mal tem, aceitar-mo-nos tal como somos ou que somos impotentes perante perante tantos desafios que a vida nos trás?
Não solto a minha lágrima por vergonha. Não a partilho com ninguém, pois não quero que saibam que afinal não sou tão forte como aparento ser. Vivo na ilusão das aparências...e por isso não solto a minha lágrima ao mundo. 
Até no Amor encontramos espaço para soltar uma lágrima, pois até no Amor sofremos o peso  da incompreensão e da desilusão, sobretudo quando não nos amamos a nós próprios em primeiro lugar. A vida somos nós, e as lágrimas que soltarmos por nós serão por não conseguirmos ser mais nós mesmos e desejarmos constantemente sermos "os outros" que não somos. Solto uma lágrima....mas por quem? Por ti ou por mim?

Uma lágrima é preciosa, pois não se deve soltá-la em vão, por nada que não valha a pena acalentar o sofrimento do espírito. Pois é também através das lágrimas que o espírito evolui e caminha rumo aos seus objectivos. 


21/06/2012

A incompreensão

A incompreensão, pode ser definida como um jogo em que o homem e a felicidade jogam às escondidas. 
A tristeza, ou talvez a frustração, quando se carregam sentimentos de incompreensão dentro de si, torna-se em determinados momentos um fardo pesado de carregar. A solidão de pensamentos, a fraqueza de um coração agredido, uma auto estima tocada de alguma forma...e na grande maioria das vezes um ego rebaixado, navegando numa espiral de melancolia e revolta, torna-nos mais fracos. O ser humano dificilmente aceita a negação, pois interiorizou desde a mais tenra idade, que só através da  aceitação o pode tornar um ser feliz e realizado. A incompreensão acaba por ser uma arma letal, pois carrega em si uma enorme carga psicológica negativa capaz de derrubar qualquer ser humano, por muito forte que ele demonstre ser. Quando o fruto das nossas "sementeiras" não colhe a compreensão devida, torna-se muitas vezes difícil de lidar com o manancial de sentimentos que nos invadem, que no fundo acabam por serem congregados num único: a incompreensão.
Muitas das obras realizadas pelo homem, acabam na maioria dos casos por serem somente analisadas ou vistas nas suas camadas superficiais, não no seu todo ou na sua essência fundamental. Esta análise superficial, torna o artista um ser incompreendido, não só talvez porque escolheu um meio errado de se comunicar, como por outro lado acaba por ver analisada a sua obra por quem não possui créditos para o fazer, nem a visão ampla e necessária para ver para lá do superficial e do óbvio. Em termos psicológicos, um ser humano incompreendido torna-o menos racional, mais emotivo, levando a uma perda temporária de discernimento relativamente à verdadeira essência humana e ao ferimento do seu ego. Um ego ferido responde de uma forma de auto protecção, isto é, procura o mais possível elevar-se e em muitos casos exacerbar a sua importância e levar o individuo a julgar-se demasiado importante face à realidade. É preciso algum cuidado tanto na análise externa como na auto análise a este tipo de estado de espírito....

  

16/06/2012

A Solidão

O ser humano é em si um ser plural que necessita de relacionamentos como forma de afirmação da sua condição humana e pessoal. A falta de relacionamentos, fruto da estrutura psicológica de cada um e também do carácter impessoal e competitivo das nossas sociedades, leva a que muitas pessoas, sobretudo as mais tímidas e introvertidas, caiam numa espiral de solidão e desequilíbrios emocionais graves e perturbadores.
A solidão não é uma condição por si só, mas sim um estado de espírito, cuja essência necessita de ser entendida e compreendida. Para lá de todos os aspectos relativos à condição familiar que pode levar alguém a se encontrar num estado de solidão, este será sempre um estado temporário e nuca permanente,  pois é necessário não esquecer que a estar fisicamente só, não é a mesma coisa que estar abandonado ou num estado de solidão ad eternum. Nunca estamos verdadeiramente sós, seja na condição física ou espiritual, estamos constantemente acompanhados apesar de não o sabermos.
Um dos aspectos fundamentais para quem se acha só, é perguntar-se a si mesmo porque está só? 
Será por um comportamento nosso anti-social, por sermos demasiado tímidos e introvertidos, porque a nossa auto-estima está debilitada, por termos deixado de acreditar em nós mesmos, porque realmente a sociedade nos abandonou?
Muitas pessoas se acham solitárias só mesmo porque elas próprias procuram essa condição, afastando-se dos outros, isolando-se não só da sociedade como também de elas próprias. 
A solidão não existe, somente se encontra no nosso estado mental e emocional. Por muito isolado que se possa viver, existem inúmeras formas de não se viver de forma isolada e solitária, seja pela tecnologia ao nosso dispor, como também através da vivência num estado de espírito mais elevado. É de acreditar, que a grande maioria das pessoas solitárias só o são porque assim pretendem estar. Não só porque não procuram a companhia dos outros, como também fecham o seu coração e mente ao elemento espiritual sempre presente nas suas vidas. Nomeadamente a Deus. 

12/06/2012

Só, no meio do oceano

"Abro e fecho os olhos, lentamente. Estou no meio do que me parece um oceano, não vejo terra firme. Só água...muita água. Remo contra a maré, ou talvez não. Talvez esteja a remar a favor do vento e das correntes...não sei, não consigo avaliar. Por momentos paro de remar. Perscruto o horizonte à procura de um farol, de um pouco de terra firme onde possa acostar. Onde possa descansar tranquilamente. Vejo algo lá no fundo, não sei se é miragem ou realidade. Sinto a estranheza da visão, tal como me sinto na minha vida...que desconheço a minha realidade. 
Para tentar encontrar-me comigo mesmo, encetei a viagem ao meu interior mais profundo. Procuro o meu farol, a minha terra prometida. Mas ainda que reme, e reme com muita força e determinação, continuo no meio do oceano, talvez não tanto perdido, mas ainda longe de me encontrar. Aqui, não vejo as coisas nas quais depositava felicidade, não vejo as pessoas que amei e amo. Sinto-me só na jornada. Entendo agora que a vida está muito além do que imaginava, recordo-me de quem amei e me amou verdadeiramente. Consigo entender que o meu esforço esteve sempre mal direccionado, pois corri a minha vida atrás de uma felicidade que nunca encontrei nas futilidades materiais do mundo. Sinto agora alento, uma alegria que não consigo explicar. Continuo só a remar, sem saber ainda qual o meu destino. O sol brilha no horizonte, enche-me de energia. Talvez seja este o meu farol! Penso eu.
Sinto que estou prestes a fechar os olhos, o cansaço apoderou-se de mim. Sinto a vida a querer fugir de mim...olho mais uma vez à minha volta e continuo sem nada ver. Pergunto-me, porque será que a minha vida, ou melhor, este oceano está tão vazio? Para que remei tanto? Porque me encontro e sinto tão só agora? 
Num último pensamento, sinto que devia de ter amado mais, deveria ter-me preocupado menos comigo e mais com os outros, sinto que vivi mal a minha vida...agora, estou só no meio deste oceano."  

10/06/2012

Os amigos...

Um dia, Confúcio expressou o seguinte pensamento: 
"Para conhecermos os amigos, é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade".

Esta frase possui em si um grande valor de verdade e remete-nos para uma questão deveras pertinente: Qual o verdadeiro valor de uma amizade?

Durante a nossa vida, desde a mais tenra idade, inúmeras pessoas se cruzam no nosso caminho, influenciando-nos sempre com maior ou menor relevância. Desde a encontros fortuitos aos maiores acontecimentos, nunca uma pessoa passa por nós sem deixar a mínima marca da sua presença, seja por um gesto ou um olhar, ficamos sempre com uma marca positiva ou negativa desse momento. 
No que respeita às amizades, tal como expressou Confúcio, o importante é saber quem são os nossos amigos nos momentos mais marcantes da nossa vida e tão mais importante nos momentos menos felizes. A partilha de uma vida não pode ser feita em vão, sem um retorno efectivo de amizade e amor. O valor de uma amizade não pode ser medido objectivamente, seja por um qualquer instrumento ou de forma monetária. O valor de uma amizade é empírico e medido no campo dos valores da emocionalidade e moralidade.
Não importa a quantidade de pessoas que conhecemos e menos importa quem entra e saí das nossas vidas. O que realmente importa é quem entrou e ficou, quem num instante transformou a nossa vida de uma forma positiva e nos influenciou num qualquer caminho que nos consegue preencher de felicidade e alegria. A amizade não se vê e também não precisamos de constantemente ver os nossos amigos, somente precisamos de saber que quando precisamos temo-los junto de nós. Nada nas nossas vidas acontece por acaso, tudo tem um propósito definido, ainda que este nos possa ser desconhecido no momento presente. Tanto as pessoas boas como as que consideramos menos boas, todas elas têm um papel relevante a desempenhar na nossa jornada da vida. E essa função é testar-nos, por-nos à prova, mostrar-nos que caminhos queremos para as nossas vidas. No fundo, podemos facilmente comparar os amigos aos sinais de trânsito, que vão desde a proibição, ao perigo, à obrigatoriedade até à simples informação. Sem dúvida que se os respeitarmos, chegaremos em segurança e felizes ao nosso destino....

08/06/2012

Na procura do Amor

A vida, quando vivida numa perspectiva materialista, acaba por ser uma epopeia na busca de algo por vezes tão difícil de encontrar: o Amor.
Desde o momento em que abrimos os olhos para o mundo, inicia-se uma luta por vezes feroz e desigual com um único propósito: sermos amados. 
Porque é tão importante para nós sermos amados?
A resposta apesar de complexa, reside num factor único alicerçado à nossa existência física, isto é, sozinhos não somos nada, nem nunca conseguiremos atingir a plenitude da felicidade existencial. Partilhar vidas, momentos, alegrias e tristezas, são os desígnios maiores que Deus deu ao homem para poder evoluir a vários níveis, sejam estes: na inteligência, na emocionalidade, na moralidade e na espiritualidade. Precisamos de alguém ao nosso lado para nos acompanhar na jornada da vida, alguém que nos ajude, ampare, proteja, eduque, chore e sorria connosco. Alguém que nos transforme momentos e pedaços da nossa vida. O Amor é isto e muito mais, é darmos de nós, é recebermos de quem se preocupa connosco, é tomar consciência do nosso papel, nunca isolado, neste mundo, neste momento presente. Amar é também sofrer, pois nem sempre o Amor é correspondido com Amor. Mas quem ama do fundo do coração, encontra sempre o alento, a força e a coragem para continuar a amar mesmo quando esse amor não é reconhecido e vivido. Amar é partilhar e encorajar à partilha. Amar é dar sem esperar receber e quando se receber devolver ainda mais Amor. 
Viver só. Viver no mundo das mordomias materialistas, sem nunca prestar atenção aos pormenores da vida experienciada numa base de Amor, nunca saberá na realidade o verdadeiro significado da felicidade plena. Pois a felicidade não reside no objectivo a atingir, mas sim na jornada a caminho dele, sobretudo quando esta é vivida em harmonia com as leis naturais do Amor.

"O tempo pode apagar a lembrança de um corpo ou de um rosto, mas nunca os das pessoas que souberam fazer de um pequeno instante, um grande momento!"     


07/06/2012

Nascer para morrer, é a Lei

Todos nós nascemos, para morrer...


Associamos a morte ao desaparecimento físico de algo ou alguém, no entanto esquece-mo-nos que todos os dias, milhares de pessoas vão morrendo, de uma forma muito subtil e que nada tem a ver com o aspecto corporal.
Muitos são os moribundos que vagueiam na sua existência física, em que resumem as suas vidas a um fardo, a um sacrifício que por qualquer ordem superior têm de cumprir mas sem saberem exactamente os porquês. Esta paralisia temporal nas suas vidas, deve-se na grande maioria das vezes a uma alma ou a um Eu interior consumido pelo orgulho, pela ignorância, por um Ego exacerbado, por enorme falta de humildade em si mesmo e para com os outros. 
Viver, não é um processo que se resume a nascer, viver e morrer um dia. É muito mais do que isto, é um processo evolutivo de elevada transformação interior, de aprendizagem, de construção de um Ser mais uno e completo, em perfeita harmonia com o seu criador, Deus. 
Nascer, morrer, nascer e voltar a morrer quantas vezes forem necessárias, é uma Lei. É a chamada Lei do Progresso.
As crianças são por norma mais felizes que os adultos, porque não possuem em si todo um conjunto de condicionantes e normas exteriores geradas pelas sociedades, que as inibem de permanecer num estado natural de felicidade. Os adultos não são felizes porque não o querem ser. Para ser feliz, é necessário morrer. Sendo esta uma morte não física, mas sim moral. É necessário romper com todo o conjunto de paradigmas nos quais vamos crescendo e vivendo que não nos permitem ser felizes e ver a vida de uma perspectiva mais elevada. O Homem está destinado à evolução e ao progresso, sobretudo moral, não pela via material como ajuizamos de maior importância à nossa existência. 
A vida só pode ser vivida em plena harmonia com os padrões de felicidade, quando vivida em prol da nossa evolução moral e espiritual. É um trabalho diário, em constante evolução....

05/06/2012

Parar o Tempo

Se pudéssemos parar o nosso tempo (espaço temporal), o que faríamos?

Vivemos diariamente numa incógnita que muito gira em torno do tempo, seja nos domínios do passado, presente ou do futuro. O tempo é para muitos de nós um elemento de sofrimento, pois se o passado foi feliz, o presente é vivido com o receio de um futuro que nem sempre imaginamos assim. Se nos fosse possível, pararíamos o tempo, ou melhor o momento, de algo que nos faz feliz, do qual não quereríamos que acabasse, perpetuando o momento. Achamos que a nossa vida tem poucos momentos de felicidade, por isso imaginamos o quão bom seria poder pará-lo nesses únicos e importantes momentos. Parar o tempo não é mais que um desejo cuja essência se centra no egoísmo e numa falta de visão abrangente das nossas vidas. 
Na realidade, o tempo não existe. O tempo é algo criado unicamente por nós próprios, algo que nos permite definir momentos, melhores ou piores. Atribuímos ao tempo um valor de que ele não possui, nem pode dispor, pois o valor das coisas que mais valorizamos não dependem do tempo em si, nem do que duram ou duraram, mas unicamente na intensidade com que aconteceram ou acontecem. Os momentos inesquecíveis são muitas vezes apontados ao momento em que aconteceram, mas na realidade o importante foi o quão esses momentos nos marcaram.
Quando recordamos algo de bom nas nossas vidas, não deveríamos de olhar para esses momentos no domínio do passado, mas sim com a felicidade que nos trazem para o momento presente. A emoção de uma recordação feliz deve sobretudo fazer-nos acreditar que são esses momentos que nos acalentam a alma para um futuro também ele carregado de felicidade. 
O tempo não conta, o que importa é o que conseguimos fazer com ele que nos preencha de felicidade. Ficar agarrado ao tempo, é perder as boas oportunidades que a vida nos coloca à disposição para evoluirmos no caminho de uma felicidade interior, pois esta é a única que realmente importa....pois o tempo não existe.


02/06/2012

Tristeza do meu Ser

"O olhar está vazio, o pensamento navega ao sabor de um mar em tempestade, não vislumbro um farol, uma luz, algo que me guie. Algo que me reconforte a alma. Sentimentos de tristeza, invadem o meu ser, ofuscam a minha visão, retiram-me energia vital. Sinto-me sofredor. Sinto-se só e abandonado. Solto uma lágrima"

Muitas vezes passamos por momentos onde de uma forma ou de outra senti-mo-nos praticamente invadidos por sentimentos dúbios e de grande tristeza. Sentimos que o mundo está contra nós, que a vida não evolui da forma como ambicionávamos, que lutamos e não conseguimos ver resultados. Questiona-mo-nos o que fizemos de errado, porque nos acontece a nós? 
Na verdade, a vida será sempre uma incógnita permanente aos nossos olhos. Somente conheceremos o passado, porque vivê-mo-lo. O presente ainda assim é misterioso, porque dificilmente conseguimos vivê-lo sem associá-lo ao futuro incerto, que na prática é sempre o momento a seguir ao nosso presente. Vivemos uma permanente condição de sofrimento.
Sofremos porque desconhecemos, porque não conseguimos controlar a nossa vida. Sofremos porque teimosamente continuamos a viver as nossas vidas ou agarrados ao passado, ou amarrados a uma enorme falta de visão mais elevada sobre a vida e a nossa missão na actual. 
As pessoas sofrem porque não se elevam em pensamento, porque não param um pouco para meditar e reflectir, porque não ouvem o seu coração. As pessoas sofrem porque teimam em manter-se fiéis aos defeitos maiores da sua condição humana; egoísmo, orgulho e vaidade. Não aceitam a humilhação de se aceitarem como são, de só possuírem o que possuem, de se amarem a si e aos outros. Ver a vida com outros olhos, numa perspectiva mais elevada seguindo outros padrões, é difícil, exige muito trabalho interior, exige abdicar de si em prol dos outros, exige aceitar a humilhação das sociedades materialistas. Elevar o pensamento, requer aceitar os desígnios maiores de Deus, exige viver hoje pensando no futuro de uma forma mais pro-activa no que respeita à "sementeira" que realizamos. A tristeza é sem dúvida uma ausência de alegria, e a grande questão que nos devemos de colocar é porque não sou ou não me sinto feliz agora?