12/06/2012

Só, no meio do oceano

"Abro e fecho os olhos, lentamente. Estou no meio do que me parece um oceano, não vejo terra firme. Só água...muita água. Remo contra a maré, ou talvez não. Talvez esteja a remar a favor do vento e das correntes...não sei, não consigo avaliar. Por momentos paro de remar. Perscruto o horizonte à procura de um farol, de um pouco de terra firme onde possa acostar. Onde possa descansar tranquilamente. Vejo algo lá no fundo, não sei se é miragem ou realidade. Sinto a estranheza da visão, tal como me sinto na minha vida...que desconheço a minha realidade. 
Para tentar encontrar-me comigo mesmo, encetei a viagem ao meu interior mais profundo. Procuro o meu farol, a minha terra prometida. Mas ainda que reme, e reme com muita força e determinação, continuo no meio do oceano, talvez não tanto perdido, mas ainda longe de me encontrar. Aqui, não vejo as coisas nas quais depositava felicidade, não vejo as pessoas que amei e amo. Sinto-me só na jornada. Entendo agora que a vida está muito além do que imaginava, recordo-me de quem amei e me amou verdadeiramente. Consigo entender que o meu esforço esteve sempre mal direccionado, pois corri a minha vida atrás de uma felicidade que nunca encontrei nas futilidades materiais do mundo. Sinto agora alento, uma alegria que não consigo explicar. Continuo só a remar, sem saber ainda qual o meu destino. O sol brilha no horizonte, enche-me de energia. Talvez seja este o meu farol! Penso eu.
Sinto que estou prestes a fechar os olhos, o cansaço apoderou-se de mim. Sinto a vida a querer fugir de mim...olho mais uma vez à minha volta e continuo sem nada ver. Pergunto-me, porque será que a minha vida, ou melhor, este oceano está tão vazio? Para que remei tanto? Porque me encontro e sinto tão só agora? 
Num último pensamento, sinto que devia de ter amado mais, deveria ter-me preocupado menos comigo e mais com os outros, sinto que vivi mal a minha vida...agora, estou só no meio deste oceano."  

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