28/04/2012

A doença

A doença é na maioria dos casos o veículo maior para que o ser humano entenda a sua frágil condição de vida. A grande maioria das pessoas vê a vida como um processo acumulativo de riqueza, poder, status social, com plenos poderes de usufruto de tudo quanto lhe será possível conquistar para si. 
Na realidade a condição do ser humano é muito frágil, sobretudo na relação directa entre o seu espírito e o seu corpo. A harmonia entre estes dois elementos é fundamental para uma coexistência saudável e harmoniosa, sendo que os comportamentos ao longo da nossa existência são os únicos, senão os maiores responsáveis pelas doenças que nos vão afligindo na vida.
A doença, para lá de servir de despertador para a verdadeira natureza humana e espiritual de todos nós, é sem dúvida dos elementos mais poderosos que nos fazem religar a mente à terra mãe. É na doença que nos apercebemos realmente que somos frágeis, fracos e não possuímos o controlo da vida como julgávamos que tínhamos. 
A doença é um teste grande para o espírito, pois é nesta condição que são necessárias forças que em muito ultrapassam a matéria do corpo. Vencer a doença exige um espírito forte, resoluto, com uma grande força de vontade na sua superação. Se por muitos a doença é encarada como um castigo, que até talvez o possa ser em alguns casos, para a maioria é o culminar de um processo decorrente do estilo de vida que se leva, mas também será uma grande prova.
Somente na doença muitas pessoas se ligam à sua natureza espiritual, pois vêem no corpo e na matéria o sofrimento que as aflige. A vida não é só o que os olhos vêem e para vencer a doença  ter fé, paciência e esperança são sem dúvida os bálsamos que a mente precisa. A mente tudo controla, tudo permite e também na doença ela é fundamental.

Não se pode desligar o espírito do corpo e não devemos de esquecer o provérbio latim; "Mens sana in corpore sano" que significa "Mente sã em corpo são".

27/04/2012

As expectativas

Faz parte da condição humana ter expectativas, desejos e ambições. 
O sentimento da expectativa é parte intrínseca de quem deseja algo mais, seja para si ou para os outros, e acaba muitas vezes por ser um motor para nos levar a lutar por algo. Aliando à perseverança e, muitas vezes à coragem, são possíveis conquistas que até seriam duvidáveis ou impossíveis numa primeira instância. 
Ao longo da vida, vamos construindo expectativas várias, sejam a nível profissional, familiar ou pessoal. Desenham-se sonhos, ambições e desejos que queremos ver acontecer. Mas infelizmente nem sempre o que desejamos acontece.
Um dos grandes dramas da condição humana, passa pela gestão das expectativas pessoais, pois as variáveis associadas ao incerto e na maioria das vezes a situações que não dependem de nós mesmos, levam ao drama da frustração de expectativas. Saber gerir as suas expectativas é fundamental para se ter equilíbrio emocional. É importante saber desejar com a consciência das nossas capacidades e sobretudo ter perfeita noção do que depende de nós exclusivamente na concretização dessas expectativas, pois criar expectativas baseadas na vontade de terceiros, numa base de incerteza elevada ou não, num contexto futurista independente de nós próprios, é claramente estar a expor-se ao sofrimento e à frustração pessoal por antecipação. 
Devemos de ter e criar expectativas, pois sem elas o ser humano sente-se vazio de objectivos e propósitos de vida, no entanto é preciso também ter capacidade para lidar com a sua não concretização de forma equilibrada, pois de outra forma as roturas e problemas psicológicos recaem sobre nós de forma violenta com consequências por vezes trágicas. 
Encontramos a felicidade neste equilíbrio entre a realidade da nossa condição de vida e a gestão das expectativas futuras, se neste equilíbrio elas forem realistas e alimentadas de forma equitativa entre a razão e a emocionalidade, decerto que nos sentiremos mais felizes e menos expostos à frustração, desilusão e sofrimento.
Possuir expectativas baseadas nas nossas reais capacidades e sobretudo substancialmente mais dependentes de nós que de outrem, é sem dúvida uma forma de responsabilização pessoal pela sua concretização e desta forma eliminar os argumentos e desculpas atribuídas aos outros pela nossa infelicidade. 
A felicidade só depende de nós, não dos outros. 

24/04/2012

Ensaio sobre a Vida

Pode falar-se muito sobre a vida, sobre a nossa ou sobre a dos outros. A vida engloba um manancial de coisas que são tão difíceis de expressar ou definir numa única frase. A definição da vida depende do olhar de quem a vê e analisa...
Muitas questões se levantam quando se pensa no abstracto da vida.

O que representa a vida individual no amplo universo? 
Estará restrita a um único momento de história?
Qual o significado de menos de 100 anos de  "vida" na longuíssima história da Terra e da Humanidade?
Se só tivermos esta vida, porque então somos todos diferentes e não temos as mesmas oportunidades? 
O que fiz eu para merecer mais saúde e dinheiro que o pobre pedinte numa esquina? 
O que fez o deficiente para ser ou nascer assim?
Porque é que o outro é tão feliz e eu não?

Vivemos a vida como se nada mais existisse, vivemos confinados ao nosso pequeno mundo, vivemos sós e infelizes porque só olhamos para nós. A vida somos nós, concentrada nos nossos pensamentos, ideias, ideais, vontades e desejos. Achamos que somos tudo, mesmo não significando nada no infinito universo. Procuramos a nossa felicidade onde ela não existe.
Para quem acredita em Deus, como pode Ele sendo justo conceber que sejamos todos tão diferentes e tenhamos vidas tão distintas quando somos todos iguais. 
O segredo da vida não está em mais lugar algum que dentro de nós e as culpas das nossas vidas são única e exclusivamente nossas. Nós fazemos e criamos a nossa vida, desde o passado ao presente. Se somos todos diferentes, porque escolhemos, criámos e trilhámos caminhos também diferentes. 
A nossa vida não é um pequeno aquário onde não temos para onde ir, mas sim um grande oceano onde a nossa liberdade e livre arbítrio nos permitem evoluir no Bem e no Amor.


23/04/2012

Os complexos

Achas que sofres de algum complexo?


Todos nós de uma forma ou de outra sofremos de de algum tipo de complexo. Acabamos sempre por ser afectados por eles de uma forma mais ou menos ligeira conforme o nível de consciência que temos de nós mesmos. Nos casos extremos os complexos transformam-se em psicoses, isto é um estado de perda do contacto com a realidade.
Todos os seres humanos acabam em determinados momentos por viverem diferentes realidades, num quadro muitas vezes de diferentes personas que foram e vão sendo desenvolvidas ao longo da vida, conforme o tipo de acontecimentos e situações a que vamos sendo sujeitos.
Os complexos, nascem sempre através de imagens e projecções que fazemos de nós num determinado contexto externo a nós e fora do nosso controlo. Isto é, os complexos são  normalmente considerados sentimentos negativos, pois estes afectam o nosso bem estar psicológico e são sempre fruto de acontecimentos exteriores a nós que não dependem da nossa vontade nem temos capacidade de os alterar.
Um dos problemas dos complexos, pode ser o nível de afectação que pode fazer ao Ego e com isso alterar estados de consciência, deturpando a visão que temos da realidade.  
É muito devido aos complexos que muitas pessoas sentem frustração e tristezas não conscientes, que as afectam em quase permanência.
Quando estamos sós, ligados ao nosso Eu interior, os complexos perdem forma, pois não há nada para comparar ou para desejar. Tomar consciência de nós é sempre uma boa ferramenta para ir resolvendo os complexos, tal como vivê-los em permanência até que os consigamos debelar. Auto-estima e auto confiança são outras poderosas ferramentas contra os complexos. O Ego é também o nosso inimigo, pois um Ego mal orientado alimenta grandes complexos como por exemplo todos os vindo do Orgulho. A humildade é desconstrução do Ego.


Não podemos acreditar que nunca mudamos, pois sempre somos e seremos pessoas diferentes. Como disse o velho sábio Heráclito; “Nunca atravessamos o mesmo rio duas vezes”, pois da segunda vez tanto nós como o rio, já não seremos os mesmos que da primeira vez.

O amanhã que não importa


Muitos vivem obcecados com o amanhã. Outros encontram-se agarrados ao passado e alguns vivem o presente. 

Viver no passado, carrega demasiado sofrimento quando já se experimentou a felicidade. Quem no passado sofreu, não olha mais da mesma forma para o presente nem para o futuro, pois imagina-o e deseja que a felicidade lhe preencha a sua vida. O passado, passou, foram experiências às quais se devem de retirar as ilações necessárias para construir o presente. 

Viver no futuro é o culminar de uma filosofia de vida votada ao sofrimento devido às incertezas e desconhecimento que temos dele. Desejamos, ambicionamos, sofremos por antecipação. Mas ainda assim não sabemos o que nos está reservado.
Muitas pessoas vivem o presente como se não houvesse amanhã. O ideal será, sem grandes dúvidas, viver conscientemente o presente, criando bases e construindo o futuro. Mas a grande questão existencial é que o amanhã existe, apesar de não o conhecermos, e o amanhã não tem fim. Quando o amanhã não importa, a construção desse mesmo amanhã será colocada num patamar de sofrimento ainda maior, pois as suas bases não são suportadas nos alicerces de um caminho de evolução moral e espiritual. Colheremos o que semeámos no passado e muito rapidamente o que julgávamos como o futuro se tornará passado. O tempo não pára, tal como a nossa evolução também não.
É importante imperar a construção moral e espiritual dentro de cada um de nós, não importa o credo ou religião, importa sim a fé em nós desde que aceitemos a mudança no sentido do Bem e do Amor.
O amanhã existe, tal como já existimos no passado, não se poderá ser feliz no futuro se o presente não for construído com esse objectivo. A paciência, a perseverança, o Amor, a caridade, a fé e o acreditar em nós são alguns dos ingredientes para um futuro, um futuro bem melhor que o passado.
Amanhã será sempre outro dia, seja lá qual for o plano onde nos encontremos. Amanhã será sempre o dia que construímos ontem...

20/04/2012

A frustração


A frustração deve de ser um dos estados emocionais que todos nós já sentimos e experimentámos. Este sentimento, advém substancialmente quando algo almejado não é conseguido, quando as expectativas são demasiado elevadas   e quanto maior for o desejo, maior será o nível de frustração. Daqui facilmente se pode chegar ao nível de estado de raiva.


Existem dois tipos de fontes para os sentimentos de frustração, são estas as internas e as externas. Tanto uma como a outra possuem pesos semelhantes nos efeitos provocados no estado emocional de quem se sente frustrado. Internamente, a frustração nasce das nossas deficiências pessoais, sejam estas a falta de confiança e a baixa auto estima, por exemplo. Externamente, a frustração advém de factores dos quais não temos capacidade de controlo, nem sequer dependem directamente da nossa vontade. 
Lidar com a frustração pode não ser fácil, sobretudo para quem não tem consciência de si mesmo, das suas reais capacidades, da sua força interna para lidar com a vida. Mais ainda quando são depositadas esperanças ou desejos noutras pessoas nas quais não temos capacidade de influenciar em nosso proveito, por exemplo.


A frustração deve de ser encarada como uma lição de vida, como um processo de aprendizagem pessoal. Serve para termos consciência das nossas capacidades, sobretudo para controlar os nossos desejos e vontades. Devemos de ter noção do que nos é possível atingir e almejar sem nunca colocar em causa as nossas reais capacidades, pois viver nos sonhos pode rapidamente transformar-se em pesadelos.
É importante o nosso equilíbrio pessoal, ter consciência de nós mesmos pois assim é possível evitarem-se situações por vezes de extrema gravidade como os suicídios, pois quem o pratica já deixou há muito de ter o controlo sobre si mesmo e sobre a sua vida, levando os seus estados de frustração a níveis psicologicamente irrecuperáveis.


O excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração. Tenhamos isto sempre em consideração.


A força do pensamento

Tudo o que somos, é fruto do nosso pensamento. Também o que desejamos e ambicionamos advém do pensamento. O mundo como o conhecemos é fruto do pensamento. O homem pensa, e constrói ou destrói. O homem pensa, e é.

O pensamento é a ferramenta mais poderosa à disposição do ser humano, pois é através do pensamento que construímos o nosso mundo pessoal, com isso contribuindo para o mundo global. Segundo a lei da Causa-Efeito, todos os pensamentos originam um efeito que teve uma causa, se esta for numa óptica de bem, o efeito será proporcional. Também o contrário é verdade.
As pessoas procuram no poder, seja social, hierárquico ou por meio da força, exercer um meio de se se colocar acima dos outros, esquecendo-se que o único meio que pode sobressair como forma de estarmos acima dos outros, é por meio da nossa condição moral e comportamental. O pensamento é o único meio que pode permitir um ascendente sobre alguém, pois é através da construção feita ao nível do pensamento que nos transformamos exteriormente, agindo desde o mais íntimo de nós até aos aspectos comportamentais externos, criando assim valências positivas a nosso respeito.
Se pensar que consigo atingir um objectivo, vou estruturar o meu pensamento por forma a desenvolver acções concretas para atingir o mesmo. O pensamento influi directamente nos nosso actos.
Pensar positivamente, permite construir em nós um conjunto de ferramentas de auto defesa contra o negativismo e o pessimismo. Podemos através do pensamento ajudar os outros bem como a nós próprios. 
Por muito que o neguemos ou ignoremos, não existe nada mais poderoso que a força do pensamento.

"Pensar é viver; o pensamento tudo abrange, tudo contém, tudo explica."
(Emilio Castelar)

18/04/2012

O corpo e o espírito - II

O que é o espírito?

Na visão espiritual, o espírito é a individualização do princípio inteligente não corpóreo vigente no universo. 
Em termos de psicologia, o espírito é designado como uma atitude de uma pessoa ou de um grupo que motiva-o a fazer ou a dizer coisas de um determinado modo.
Na Teosofia (conhecimento agregado da Filosofia, Religião e Ciência), o espírito é associado aos dois princípios mais elevados do homem, a díade Atman-Budhi, a essência mais imortal do homem.


O homem não é só matéria e nele existe bem mais que isso. A noção desse facto advém de que o homem tem consciência, pensa, sente, constrói raciocínios, tira conclusões, ajuíza e tal não é possível se fosse somente matéria, pois esta é inanimada e irracional. Como tal facilmente se observa que o homem possui algo em si bem mais inteligente e superior que a simples matéria com que é feito.


O espírito é inteligente e essa inteligência advém-lhe de um acumular de experiências, sensações e acções. Todos nascemos simples e ignorantes, é ao longo das várias existências que o espírito adquire conhecimento intelectual e moralidade. Este processo de aquisição de informação é lento e fruto do nosso livre arbítrio pode tomar caminhos bem diferentes em cada ser humano, ou melhor, cada espírito.
O corpo é um simples invólucro do espírito que lhe dá a vida e consciência. A cada nova existência, novo corpo se desenvolve e o espírito tem nova oportunidade de continuar a sua senda de evolução intelectual e moral até à perfeição.

O corpo e o espírito - I

O que é o espírito? E o que é o corpo?
Qual é a relação entre um e o outro?

Questões com sentidos filosóficos aparentemente opostos, de um lado temos o espiritual ou idealista e por outro a vertente materialista da nossa existência.

O corpo é algo de bem tangível e visível, o lado material do nosso ser. É na utilização do corpo nas suas várias valências e capacidades que nos expressamos para o exterior, que manifestamos o que vai dentro de nós  num contexto emocional e intelectual. 
Segundo Platão, o essencial no homem é o espírito, porque é este (o espírito) que dá humanidade ao homem. Outra visão é a de Aristóteles, em que o corpo não tem qualquer importância, porque sem o corpo não existe espírito e quando o corpo acabar também o espírito acabará.
A relação entre o corpo e o espírito é linear para a grande maioria das pessoas, facilmente encontramos exemplos dessa mesma relação e que muito se resume à famosa frase "Uma mente sã, num corpo são" do poeta romano Juvenal quando este respondeu à pergunta do que é que as pessoas deveriam de desejar para as suas vidas. Muitas vezes dizemos que não nos sentimos bem quando o nosso corpo não está bem. A relação de algo não visível (espírito) dentro de nós com a parte visível (corpo) é facilmente demonstrável.
O equilíbrio entre o nosso espírito e o nosso corpo é fundamental, considerando que o espírito é "prisioneiro" do corpo e cuidar de ambos deverá de ser um dos nossos objectivos principais de vida.

O corpo nós vê-mo-lo fisicamente. E o espírito?

17/04/2012

Palavras que nunca te disse

Guardo em mim muitas palavras. Muitos sentimentos. Guardo em mim muito do que nunca te disse e talvez nunca te venha a dizer. Guardo em mim tanta coisa e não sei o que fazer...

Passamos na vida por muitas situações, muitos acontecimentos mais ou menos marcantes. Muitas são as pessoas que nela entram e saem, nas viagens das nossas vidas. Algumas pessoas ficam, outras não. Por vezes, temos quem nos acompanha durante toda a viagem e ainda assim, quantas foram as vezes em que olhámos para elas e nos sentimos felizes por tê-las ao nosso lado, mas nunca nada lhes dissemos? 
Bem verdade é que o olhar também fala, transmite muito do que vai na alma, no entanto as palavras complementam os pensamentos e os sentimentos profundos do coração. Muitas palavras ficam por dizer, muito gestos ficam por manifestar, como se os guardássemos dentro de uma garrafa de vidro em pleno mar alto, em que esta na medida da vontade das marés, vai viajando ao longo do seu indefinido percurso. Até que um dia se encontre presa num areal de uma bela praia algures, esperando por nova maré que a leve de novo ou então que vá ficando o resto do tempo ali presa. É assim que somos muitas vezes, ficamos presos no areal da vida e não libertamos as belas mensagens que trazemos dentro da nossa garrafa de vidro. Não manifestamos aos outros o que sentimos por eles, não colocamos em palavras e gestos o que sentimos por eles. Muitas são as palavras que ficam por dizer... 
A viagem da vida deve de ser partilhada com quem no ama, por isso também é importante que os outros saibam que os amamos. Que os nossos pensamentos não fiquem presos, que estes tenham a possibilidade de se libertar e serem exprimidos, pois só assim conseguimos semear boas colheitas de amor, amizade e felicidade. 


Que as nossas vidas não se transformem na garrafa de vidro presa no belo areal...
  

16/04/2012

Eu perdoei

Eu perdoei o outro, mas não antes de me perdoar a mim próprio.

O perdão é algo muito profundo, e em si, uma grande lição de vida que se reveste de um elevado estado de consciência.
Perdoar significa anular um ressentimento ou colocar um fim a uma exigência, seja connosco ou contra alguém. Mas o acto de perdoar, é muito mais que o "esquecer" algo de menos bom cometido contra nós, consiste amplamente numa descoberta pessoal, numa tomada de consciência do que é o bem e o mal, do que é o Amor e o ódio. Quando a consciência nos acusa de algo, ou sofremos adiando a solução ou então agimos e pedimos perdão. Não é possível pedir-se perdão sem estarmos numa vibração superior, sem estarmos conscientes de nós como seres humanos e espirituais. O perdão não é hipócrita, pois este advém de um acto de Amor e perdoar só por perdoar não tem valor moral. 
É renascendo de novo que nos vamos purificando. Perdoar é renascer de novo também, pois é aceitar nos nossos corações os valores elevados de quem tem consciência de si mesmo como um ser que busca para si o Bem, o Amor e a felicidade. Perdoar não é um acto administrativo, é um acto de profunda lição de vida para o ofendido e para o ofensor. Este acto é assinado nas profundezas do nosso coração e da nossa consciência adquirida e vivida, pois lá reside o livro da nossa vida cujas páginas se preenchem a cada dia que passa. 

Perdoa para seres perdoado e também Deus te perdoará.

Poderá demorar um tempo indefinido, mas ninguém vive em paz consigo ou com o próximo se o seu coração não se encontrar limpo de sentimentos de raiva e ódios. Pode adiar-se a solução dos problemas indefinidamente, mas o dia do juízo chegará. O dia em que dois corações odiosos encontrarão um caminho de paz, de Amor e se unirão no acto do perdão. O perdão trás a luz, trás a paz, o Amor e a felicidade.

Não tens ninguém a quem devas de pedir perdão?
Talvez encontres um pouco mais de felicidade para a tua vida...Não é isso que procuras?



12/04/2012

O silêncio

Quantas foram as vezes em que fizemos silêncio?

Este silêncio é diferente, não uma proibição de qualquer tipo de manifestação de expressões, mas sim do silêncio da nossa mente, do silêncio interior.
A todo o momento a nossa mente está em constante rebuliço com todo um manancial de pensamentos, ideias e demais ruídos  que nunca nos deixam realmente repousar e relaxar. A concentração absoluta é algo difícil de atingir pelo menos por longo tempo. A vida própria da mente não deixa...
O silêncio é ouro, sobretudo o da mente. Quando conseguimos abstrair-mo-nos do ruído exterior e interior, num acto de pura meditação, é possível descobrir um novo mundo dificilmente perceptível a quem não pára e não se silencia.
Silenciar-se significa entrar em contacto com o Eu interior, trata-se de tomar consciência de nós mesmos, trata-se de abrir a mente a vibrações mais elevadas e consequentemente a pensamentos e sentimentos mais elevados. Menos ligados à terra, ao materialismo. O silêncio traz um novo olhar sobre nós mesmos, conseguimos percepcionar melhor todo o nosso Eu, bem como o nosso estado emocional, mental e espiritual. O silêncio traz momentos de paz interior, de cura emocional, como que um recarregar de energias, uma ligação ao mundo não visível da nossa existência. O silêncio leva à contemplação das coisas, do mundo, da vida noutra perspectiva.
Por outro lado, é importante "fazer" silêncio para o outro "ser" palavra. Se não conseguimos ouvir os outros, como alguma vez conseguiremos ouvir-nos a nós próprios? Como conseguiremos ouvir o que os ouvidos não ouvem? Como conseguiremos ouvir Deus?

"Quanto maior for o recolhimento e a simplicidade do coração, tanto mais elevadas coisas penetraremos sem esforço, pela luz da inteligência, que Deus nos oferece"

10/04/2012

A (in)coerência

Ser coerente deve de ser um dos exercícios mais difíceis com que nos temos que deparar na nossa vida. Dizer uma coisa e fazer outra, é um dos mais singelos exemplos de incoerência.
Mais do que aparentarmos ser coerentes em termos de ideais, atitudes e acções, é fundamental conseguirmos sê-lo connosco mesmos. E isso não é tarefa fácil.
Facilmente enganamos os outros, pois através das várias personas que vamos construindo ao longo da vida, vamos criando enredos e aparências demonstrando a nossa coerência ilusória. A questão real é que não será possível fugirmos indefinidamente de nós próprios e no confronto com a nossa consciência somos levados a rebater tudo o que em nós não é coerente entre o que fazemos e dizemos. 
A coerência moral, é um aspecto relevante na nossa estrutura de personalidade, pois ao desejarmos ser pessoas diferentes e evoluir segundo padrões diferentes no modo de vida, muitas vezes somos confrontados com os dilemas da coerência. 
Como poderei ser caridoso, se sou avarento? Como posso desaconselhar algo a alguém, se eu mesmo o continuo a praticar? Como poderei ser amado, se eu não sei amar os outros?
Ser coerente é orientar-se por princípios e por valores elevados, ser fiel a si e aos outros, é ser corajoso e sobretudo é uma grande virtude. Sucumbir perante os dilemas é deixar de ser coerente, pois os dilemas são a prova que temos de ultrapassar para sermos verdadeiros e coerentes connosco.  


Deixo aqui uma bela reflexão de Gabriel García Márquez:


"Descobri que a minha obsessão por cada coisa no seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estado, não era o prémio merecido de uma mente em ordem, mas pelo contrário, de todo o sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. 
Descobri que não era disciplinado por virtude, mas sim como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que me passo por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso no pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importo com o tempo alheio..." 

do livro: Memórias de minhas putas tristes (2008)

A vida numa corrida

Muitas vezes vivemos a vida como se de uma corrida se tratasse. A partir do momento que nascemos para esta existência, inicia-se um processo de evolução como se estivéssemos constantemente a correr, por vezes numa direcção, outras vezes de uma forma errática, ao sabor das vontades. Passamos o tempo a correr, por vezes tão depressa que não nos apercebemos da nossa própria existência.
Mas afinal o que nos faz correr tanto? 
Qual é a meta que desejamos atingir?
Nascemos completamente desnudados de pensamentos pré concebidos, preconceitos, filtros, dogmas, crenças, "necessidades" não necessárias (passe a redundância), enfim, temos a possibilidade de crescer felizes. Infelizmente, a vida material traz-nos um labirinto de caminhos a seguir e é nesta fase que muitos iniciam corridas que muitas vezes eles próprios no final não entendem o seu fundamento. Correm atrás de futilidades, bens de consumo, vidas luxuosas, de coisas cuja essência e substância de nada trazem felicidade a quem as procura. 
Todas as corridas têm um fim, seja este na meta ou não. A questão reside em saber se realmente valeu a pena o esforço. Se foi encontrada a felicidade que se procurava,  porque seja qual for a corrida que se inicia, há sempre um desejo de felicidade a atingir, ainda que este nem sempre possua a essência de uma felicidade verdadeira e duradoura. 
O tempo passa, apesar do tempo ser verdadeiramente intemporal. A corrida de uma vida resume-se na maior parte das vezes a muito pouco, quando nos ignorámos, quando ignorámos os outros, quando nos esquecemos do que realmente nos faz felizes, quando corremos sem saber verdadeiramente para onde e para quê.
A felicidade não está no fim ou na meta desejada, mas sim durante o caminho que nos leva a ela. 
Quem estiver a "correr", que pare um pouco, que reflicta sobre o momento e sobre o que o faz correr tanto. Que pense um pouco sobre a vida e que olhe para as lições do passado.
Talvez consiga encontrar as respostas a muitas das suas perguntas...Talvez encontre a resposta a esta mesmo; onde está a minha felicidade?

09/04/2012

A culpa

Durante o nosso processo evolutivo ao qual chamamos de vida, muitas são as acções que vamos desenvolvendo no percurso. Não podemos esquecer que todas as acções possuem os seus efeitos, directos e indirectos, com reflexos e consequências que atingem as nossas consciências, sejam qual for o seu grau de maturidade. É neste domínio que são mitigados os sentimentos de culpa, pois a consciência exerce um efeito penalizador e reprovador sobre nós quando a avaliação das acções praticadas possui um carácter negativo.
Analisar sentimentos de culpa, possui um lado extremamente positivo, pois ao ter-se consciência da acção negativa praticada permite não só poder actuar positivamente sobre ela, como dar uma nova possibilidade de praticar o que for realmente correcto, sempre na direcção do Bem, próprio e do próximo. A consciência moral é o juízo de valor sobre os nossos actos.
Gerir os sentimentos de culpa requer uma elevada capacidade emocional, pois se não forem devidamente geridos poderão levar a complexos e sentimentos profundos de tortura e elevado sofrimento interior. Essencialmente se não existir paralelamente um acto de perdão, a culpa pode levar ao desespero absoluto, eventualmente com consequências dificilmente remediáveis.
Agir em função do Bem, resignar-se perante Deus e o próximo, aceitar a humildade como um dos pilares da nossa evolução e sobretudo pedir perdão quando errarmos, são sem dúvida boas sementes para boas colheitas no presente e no futuro.
Muitas pessoas carregam durante uma vida sentimentos de culpa, pois a sua consciência não as liberta do juízo reprovador. No entanto o que fizeram essas pessoas para alterar esse rumo sofredor na sua existência?

Errar é humano, poderá facilmente pensar-se. E pedir perdão, não o será também?

05/04/2012

Conflitos existenciais

Quantas foram as vezes em que dentro de nós se geraram guerras intermináveis que tudo colocam em causa, que nos mergulham num poço de confusões, amarguras, tristezas profundas, enfim, num conflito existencial. Quando olhamos para nós próprios sentimo-nos num mundo caótico.
Os conflitos existenciais, são recorrentes sobretudo nas pessoas que ainda têm dificuldades em identificar-se como seres humanos em constante evolução que necessitam8 de ultrapassar as várias provas da vida a que está sujeito. O caos interior que se instala nas pessoas nesta ordem de conflitos, pode vir a tomar proporções catastróficas com efeitos e consequências graves,  psicológica e fisicamente, pois só a uma mente sã corresponderá um corpo são.
Os conflitos existenciais não são nada de anormal, questionar-se sobre quem somos, o que fazemos, para onde vamos, sobre a vida e a morte é algo de muito natural para um ser humano que não tem acesso ao total conhecimento vigente no universo. Não é fácil possuir completa compreensão sobre tudo o que acontece à nossa volta, seja na nossa vida ou no mundo em geral. Determinados momentos aparecem-nos como que se algo no questionasse profundamente sobre a nossa própria existência e condição, daí nascem os conflitos existenciais, pois as respostas não estão ao nosso alcance fácil. 
Uma forma de evitar estes conflitos é olharmos para nós mesmos, aceitar-mo-nos como somos e sobretudo entendermos que somos seres em constante evolução moral, intelectual, emocional e espiritual. A vida é um processo contínuo que não se esgota numa existência, vai muito para lá  do meio material e da condição em que nos encontramos actualmente, claramente entra nos domínios da metafísica. 
Aceitar os outros e nós mesmos tal como somos, é o primeiro passo para evitar graves conflitos existenciais. Mais ainda, conseguir-mo-nos isolar do não contribui para o nosso desenvolvimento construtivo é o passo seguinte. 
Toda a nossa vida é um processo evolutivo, ao qual devemos de dar atenção a todos os passos  e caminhos que devemos de encetar, corrigindo trajectórias e mantendo olhar fixo no objectivo principal: Ser feliz hoje, porque só assim garantirei que o serei amanhã.

03/04/2012

O poder da Fé

O que é a fé?
Para que serve ter fé, seja no que for?

Ter fé, é acreditar em algo como numa verdade, mesmo sem ter meios de verificação daquilo em que se acredita. É impossível duvidar e ter fé simultaneamente. 
Acreditar em algo, sobretudo no que não se vê fisicamente, sempre foi algo que acompanhou o ser humano desde os mais remotos tempos da sua história. Acreditar em Deus, seja lá qual for o nome que se lhe dê, ou em demais entidades não visíveis é o culminar de um aspecto de cariz religioso e de fé não visível. No entanto pode ter-se fé em muitas outras coisas, pessoas, objectos, ideologias, regras, paradigmas, basicamente em tudo o que quisermos, pois a fé está directamente dependente de cada um de nós.
Não existem ateus, pois todos nós acreditamos em algo, quanto mais não seja em nós em em pessoas próximas de nós. 
O poder da fé, é uma força inestimável com grande alcance que ultrapassa bem tudo o que está ao nosso alcance, pois quem acredita consegue ultrapassar suas dificuldades, por exemplo. Ter fé é uma força invisível que todos possuímos com elevado alcance mal compreendido. Acreditar em nós mesmos é das maiores e mais poderosas forças que temos ao nosso dispor e para quem acredita em Deus, encontra-se aqui perante uma conjugação de forças capazes de superar os mais difíceis obstáculos das nossas vidas. Um dos nossos grandes problemas, é a falta de auto-estima, de fé em nós próprios e por isso o sofrimento invade-nos com grande proeminência. Quando nos sentimos menos bem, ter fé é um grande aliado, acreditar que algo superior a nós existe e nos pode ajudar. Quem acreditar demasiadamente só em si, acabará um dia por sucumbir perante a evidência das suas debilidades emocionais e morais. O Ego não pode imiscuir-nos e afastar-nos da realidade, muito menos de uma fé que nos pode salvar seja na doença, seja nas maiores e menores dificuldades do nosso dia-a-dia.
É mesmo necessário "ver" para ter fé?

02/04/2012

O Ego

Porque é que muitas pessoas acham que nunca serão felizes, pelo menos de forma consistente e duradoura?

Existem muitos motivos pelo que alguém não sinta a plenitude da felicidade, mas destacaria um aspecto particular para breve análise. A infelicidade advém muito por culpa o nosso Ego.
O Ego, na esfera da psicologia, é definido como o nosso Eu mais perceptível e está directamente relacionado com a nossa realidade. Existem mais outras duas instâncias do psiquismo humano, o Id e o Superego. Para já limitarei a análise ao Ego.
O Ego está directamente relacionado com a realidade no meio onde nos encontramos, com os nossos desejos e tem uma influência predominante na formação da nossa personalidade.  Muitas pessoas sentem-se infelizes porque não possuem algo, materialmente falando, porque não conseguem concretizar os seus desejos de possuir e agem por impulso na tomada de decisões de forma recorrente. O meio em que vivemos influência muito o nosso Ego e se não possuirmos um ego flexível, sucumbimos facilmente no domínio das emoções, contribuímos para a construção de um Ego frágil. O orgulho e a vaidade são dois exemplos de características psicológicas negativas que advém de um Ego frágil.     
O Ego obriga a esconder fraquezas, por vezes a bondade, o amor próprio e o amor que temos pelos outros. Também é muito responsável por não vivermos o momento presente com maior felicidade, pois este vive muito no passado e com os anseios do futuro desconhecido. O Ego é o maior responsável pela nossa não mudança comportamental, emocional e espiritual, pois funciona como uma reacção, uma repetição e não permite a nossa evolução. O Ego cria fronteiras imaginárias que nos impedem de ver que a felicidade está connosco, dentro de nós e não no exterior.  
Temos necessidade de não sermos controlados pelo Ego, pois só dessa forma podemos "ouvir-nos interiormente" de forma mais lúcida e assim encontrarmos o caminho da felicidade que não encontramos no mundo material.